Sexo faz parte da experiência humana. Não existem padrões e o desejo varia para cada pessoa, sendo que não gostar de sexo não é, necessariamente, um problema. A total falta de interesse ou mesmo aversão podem, porém, ser indícios de transtornos sexuais que merecem atenção. Neste artigo, são apresentadas questões físicas, de saúde, emocionais, sociais e psicológicas que devem ser consideradas. Também, mostramos caminhos possíveis e tratamentos para recuperar ou mesmo encontrar a libido.
Antes de tudo: não gostar de sexo é necessariamente um problema?
Não necessariamente. Afinal, não existem padrões estabelecidos e o desejo sexual varia significativamente, sendo normal que algumas pessoas se interessem mais ou menos por sexo. Assim, a falta de libido pode estar relacionada a fases da vida, orientação sexual ou mesmo a traços de personalidade. Quando, porém, o tema torna-se uma questão, interferindo na qualidade de vida, em relacionamentos ou mesmo no bem-estar emocional, merece atenção.
Primeiro é importante ter em mente que a sexualidade é subjetiva e que cada pessoa a vivencia a sua maneira. Algumas, simplesmente têm a libido mais baixa, o que pode não ser um problema, especialmente se isso estiver de acordo com preferências e satisfação pessoal. Mudanças repentinas ou sentimentos de aversão crescente, porém, podem indicar questões emocionais, físicas ou ligadas ao relacionamento que merecem atenção.
A chave está em tratar a questão de maneira direta e franca. Para isso, é fundamental estar bem consigo mesma, procurando melhor compreender sentimentos, limites e interesses. Além disso, diálogos abertos com outras pessoas também são importantes, especialmente se o tema afetar relacionamentos. Quando o não gostar de sexo causa desconforto, é aconselhável procurar seu ginecologista e conversar para tentar identificar causas e possibilidades, sempre considerando aspectos individuais e subjetivos.
O que compõe o desejo sexual feminino?
O desejo sexual feminino é influenciado por um conjunto de fatores físicos, psicológicos, sociais e emocionais, que interagem entre si e não podem ser separados. Por isso, compreender melhor os diferentes aspectos relacionados à libido nas mulheres é o primeiro passo para abordar questões como a falta de interesse. Aqui estão alguns dos principais elementos que devem ser considerados:
1. Estilo de vida
Estar bem de saúde, com uma vida ativa, com exercícios físicos constantes e alimentação saudável, é uma maneira de prevenir doenças e minimizar a necessidade do uso de remédios, que podem levar a perda de desejo sexual. Estresse, sedentarismo, consumo de álcool e tabaco também reduzem a libido.
2. Saúde mental
O autocuidado envolve também o lado emocional. Além do estresse, fatores como ansiedade e depressão podem ser determinantes para a perda de desejo sexual, assim como experiências traumáticas, que devem receber atenção especial.
3. Fatores hormonais
Variações nos níveis hormonais são normais e aquelas relacionadas ao ciclo menstrual, gravidez, parto e menopausa, costumam impactar significativamente o desejo sexual.
4. Relacionamentos afetivos saudáveis
Confiança, intimidade, carinho, comunicação e conexão emocional podem ser fatores decisivos para manter e estimular o desejo sexual feminino.
5. Autoimagem e confiança
Quem não está bem consigo mesma dificilmente estará com os outros. Questões como a percepção da própria imagem corporal, autoconfiança e aceitação pessoal são fatores psicológicos que influenciam na libido.
6. Contextos sociais e experiência de vida
Normas culturais, valores e regras sociais do ambiente e contexto em que você cresceu e vive podem influenciar na questão não gostar de sexo, assim como experiências anteriores. Vivências, sexuais ou não, pesam tanto positiva quanto negativamente, e podem moldar atitudes e influenciar o desejo.
7. Fantasias e estímulos sensoriais
Fantasias sexuais, autoconhecimento e a capacidade de se conectar com a própria sensualidade também pesam. Dessa forma, a imaginação, o contato e a conexão influenciam, com estímulos sensoriais assumindo um papel especialmente importante.
Os aspectos listados são alguns dos principais para melhor compreender o desejo sexual das mulheres. Cabe destacar, porém, que eles não são os únicos e não estão isolados e que, por serem subjetivos, há fatores que podem ter maior ou menor influência para cada pessoa. Compreender a interação complexa desses elementos é crucial para abordagens completas ao lidar com questões relacionadas à queixa de não gostar de sexo. No caso da necessidade de tratamentos, avaliações devem ser individualizadas com encaminhamentos personalizados.
O que pode estar por trás do “não gostar de sexo”?
Conforme apontado, vários fatores podem influenciar negativamente. Aqui estão alguns elementos comuns que podem prejudicar a libido feminina:
- Doenças e problemas de saúde: certas condições como diabetes, hipertensão, distúrbios da tireóide e outras doenças crônicas desequilibram o corpo e podem ter efeito direto no desejo sexual.
- Uso de medicamentos e drogas: alguns medicamentos, incluindo antidepressivos, anticoncepcionais e medicamentos para pressão arterial, podem causar efeitos colaterais. Drogas também impactam, mesmo as legalizadas como tabaco e álcool.
- Alterações hormonais: flutuações relacionadas ao uso de medicamentos ou mesmo as naturais também influenciam. As mais comuns são as variações hormonais associadas ao ciclo menstrual, gravidez, parto e menopausa.
- Cansaço, fadiga e exaustão: rotinas sobrecarregadas não ajudam nem um pouco. Afinal, o cansaço físico e mental reduz a energia e pode diminuir o interesse.
- Estresse e ansiedade: o excesso de ansiedade e de preocupações diárias podem reduzir o desejo. Isso porque a tensão e a falta de foco são empecilhos para momentos de intimidade.
- Depressão: outro aspecto psicológico é a depressão, que muitas vezes leva ao desinteresse em atividades prazerosas, incluindo o sexo.
- Problemas de relacionamento: desejo sexual tem relação direta com afetividade. Conflitos, falta de comunicação e problemas não resolvidos influenciam significativamente. A falta de intimidade e conexão emocional também contribuem para uma pessoa não gostar de sexo.
- Imagem corporal negativa: quem não se sente bem com o próprio corpo pode não se sentir à vontade para compartilhar momentos íntimos com outras pessoas.
- Traumas: experiências anteriores como abuso sexual podem causar aversão ou dificuldades de envolvimento.
Aqui, mais uma vez, cabe destacar que é preciso considerar a experiência e contexto individual. Afinal, alguns fatores têm pesos maiores para certas pessoas e menores para outras. Por isso, é importante conversar com seu ginecologista, sem vergonhas ou tabus.
Transtornos sexuais que também explicam o “não gostar de sexo”
Além das questões listadas, há também transtornos sexuais que também explicam a falta de desejo. Há desde condições específicas, como o Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo (TDSH), até questões físicas e psicológicas que incluem disfunções de orgasmo e vaginismo. São condições que podem levar à aversão sexual, interferir no desejo e na capacidade de desfrutar de atividades sexuais.
Tais transtornos sexuais costumam ter raízes complexas, envolvendo fatores psicológicos, emocionais e físicos, entre os quais alguns dos já listados. Nesses casos, a busca de orientação de um ginecologista pode ser decisiva para compreensão da natureza específica do transtorno e desenvolver um plano de tratamento adequado.
O que fazer para recuperar (ou encontrar) o desejo sexual
Quando a diminuição do desejo sexual afeta a qualidade de vida, há vários caminhos possíveis. Cada mulher deve buscar uma avaliação individualizada e construir, junto ao seu médico, uma estratégia específica, mas há questões gerais que devem ser consideradas. Aqui estão algumas sugestões que podem ser exploradas:
1. Diagnóstico
O primeiro passo deve ser sempre buscar orientação médica. Afinal, um ginecologista pode ajudar a identificar eventuais problemas, encaminhar exames para identificar condições físicas e de saúde, mapear desequilíbrios hormonais e condições médicas subjacentes. O médico também avaliará o uso de medicamentos que possam estar relacionados à diminuição do desejo.
2. Tratamento
Mudar hábitos, adotar uma dieta equilibrada, exercícios regulares e sono adequado, contribui para sua saúde sexual e bem-estar geral. Além disso, reduzir ou mesmo suspender o consumo de álcool, tabaco e outras drogas também ajuda.
3. Exercícios
Práticas como exercícios de Kegel podem fortalecer os músculos pélvicos, aumentando a sensibilidade e controle, o que também influencia na saúde sexual.
4. Terapia
Em relação à saúde mental, há terapeutas especializados que podem ajudar a explorar questões psicológicas, emocionais e relacionais.
5. Relacionamento
Massagens, banhos relaxantes e jogos sensuais podem ajudar a criar uma atmosfera de intimidade e reduzir o estresse, abrindo caminho para uma vida sexual mais saudável. Ainda, conversar e explorar conjuntamente fantasias e desejos também ajuda. É fundamental envolver o companheiro ou companheira nesta jornada, pois essa pessoa também deve estar comprometida nessa descoberta ou redescoberta da sua libido.
6. Prática
Lubrificantes e produtos sensuais podem aumentar o conforto e a excitação. Além disso, vale averiguar posições e práticas mais confortáveis e prazerosas.
Identificar as causas e entender a questão é chave para determinar qual a abordagem mais eficaz. Por isso, a comunicação aberta com seu ginecologista e, quando aplicável, com o parceiro ou parceira é fundamental para desenvolver estratégias, incluindo o melhor tratamento, quando necessário.
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