O pré-natal é uma parte importantíssima da gravidez. São os exames e o monitoramento da evolução do bebê que acontecem durante o pré-natal que ajudam a lidar com eventuais problemas. Um desses problemas é a chamada placenta prévia, que é quando a placenta cobre parcial ou totalmente a saída do útero, dificultando ou mesmo impedindo o parto vaginal. É uma situação pouco comum, mas que exige cuidados especiais.
Antes de tudo, o que é a placenta?
A placenta é a estrutura que se desenvolve dentro do útero durante a gravidez, fornecendo oxigênio e nutrição para o bebê, e também removendo resíduos. Ela se conecta ao bebê por meio do cordão umbilical, e surge quando o óvulo fertilizado se implanta no revestimento do útero.
Conforme a gravidez avança, o bebê e a placenta crescem. Quando o útero se expande, tudo muda de posição. Na maioria das gestações, a placenta fixa-se inicialmente na parte superior ou lateral do útero e a área onde a placenta geralmente está presa estende-se para cima, afastando a placenta do colo do útero.
O que é placenta prévia?
Se a placenta permanecer na parte de baixo, perto ou cobrindo o colo do útero, pode bloquear a saída do bebê. O fenômeno é chamado de placenta prévia ou placenta baixa e pode ser detectado na ultrassonografia realizada entre a 18ª e a 28ª semanas de gravidez, quando sua posição pode ser registrada.
Se a placenta estiver significativamente baixa, a indicação é que outro ultrassom seja realizado no final da gravidez, geralmente por volta da 32ª semana. É um cuidado para verificar se ela permanece na mesma posição. Na maioria dos casos, a placenta já terá se movido para a parte superior do útero nesta fase. Para se ter uma ideia, enquanto 5% das mulheres têm uma placenta baixa no ultrassom de 20 semanas, apenas 0,5% apresentam placenta prévia no momento do parto.
O que causa a placenta prévia?
Alguns fatores podem aumentar o risco e há incidência maior de placenta prévia na gravidez de mães com idade mais avançada, ou na de mulheres que realizaram cesariana anteriormente – especialmente se o último bebê nasceu por cesariana. Isso porque o tecido cicatricial, aquele que sofreu intervenção, pode afetar a posição da placenta. Pelo mesmo motivo, a curetagem, procedimento realizado para limpar o útero após uma gravidez ou aborto, também pode aumentar as chances. A placenta prévia pode ocorrer ainda quando a placenta é maior do que o comum, casos de gestação de gêmeos, por exemplo.
Tais fatores podem influenciar no risco, mas não é possível apontar causa direta e óbvia para o aparecimento da placenta prévia e não há nada que a mulher possa fazer – ou ter feito – para prevenir ou resolver o problema
Sintomas da placenta prévia
Na maioria dos casos, a placenta prévia é assintomática e é detectada apenas na ultrassonografia de rotina, no exame realizado por volta da 20ª semana, mas há sinais que podem indicar o problema.
A placenta baixa está associada a sangramento indolor vermelho brilhante, espontaneamente ou após o sexo, a qualquer momento após as 20 primeiras semanas de gravidez. Trata-se da causa mais comum de sangramento indolor no último trimestre.
Ela também pode provocar:
- Cólicas acompanhadas de sangramento.
- Sangramento durante o trabalho de parto.
Lembrando que, em casos de sangramento durante a gravidez, é importante entrar em contato com a obstetra imediatamente ou buscar atendimento no pronto-socorro.
Qual o tratamento para placenta prévia?
Casos de placenta prévia exigem acompanhamento e podem ser classificados em quatro categorias, conforme a posição em que se encontra:
Grau 1 (menor) – A placenta não cobre o orifício cervical interno, mas está em posição baixa.
Grau 2 (marginal) – A borda inferior da placenta atinge o orifício cervical interno.
Grau 3 (parcial) – A borda inferior da placenta cobre parcialmente o orifício cervical interno
Grau 4 (completo) – A placenta situa-se sobre o orifício cervical internacional
Nos casos de grau 1 ou 2, ainda é possível o parto vaginal. Nos de grau 3 ou 4, é necessária a cesariana. Em todos os casos, é preciso adotar cuidados especiais. Mulheres com placenta prévia devem morar perto ou ter fácil acesso ao hospital e procurar ajuda imediata em casos de sangramento. Quando há sangramento intenso, é possível que a mãe precise ser internada no hospital pelo restante da gravidez.
Além disso, no hospital, é feita a coleta de sangue, um cuidado para garantir a disponibilidade de sangue do doador com correspondência exata, caso seja necessária transfusão de sangue. Algumas mulheres também podem precisar tomar comprimidos de ferro para evitar anemia, que é quando o nível de hemoglobina fica baixo no sangue. Mães com sangue Rh negativo que tiverem sangramento durante a gravidez precisam tomar injeção de Anti D para que o bebê não seja afetado.
Outro cuidado que pode ser necessário é o monitoramento do bebê com uma cardiotocografia (CTG), também conhecida como monitorização fetal eletrônica. O CTG registra a frequência cardíaca do bebê e a resposta aos movimentos e contrações, e é um instrumento que ajuda a garantir que ele está bem.A internação no hospital não impede sangramentos, mas, em casos especiais, o parto pode ser acelerado quando necessário.
Em todos os casos, tanto quando há presença de placenta prévia ou não, é importante procurar estabelecer uma relação de confiança com a obstetra, É a sua médica quem ajudará a entender os resultados dos exames e pensar todos os passos necessários para, juntas, trilharem um caminho que seja seguro tanto para a mãe quanto para o bebê.